sexta-feira, 27 de abril de 2012

O sucesso da revista 'Âlâ', de moda, na Turquia


Por zanuja castelo branco
Vaidade independe de religião.
Do Opera Mundi
Recém-lançada, Âlâ já tem tiragem de 20 mil exemplares, apesar de "perseguição" do Estado secular 
A revista Âlâ (beleza, em turco) seria apenas mais uma publicação do segmento de moda e estilo feminino não fosse um pequeno grande detalhe: atendendo a orientações do islã, as modelos das capas escondem seus cabelos, braços e pernas. Com tiragem mensal de 20 mil exemplares em papel de alta qualidade, a revista recém-lançada na Turquia tem como publico-alvo as praticantes das doutrinas pregadas no Alcorão, que obedecem rigorosamente o uso do véu hijab para cobrir seus corpos e, até hoje, não possuíam um veículo que atendesse às suas demandas femininas da forma como exigem suas crenças religiosas.
p>Divulgação
Já no projeto de marketing para o lançamento de Âlâ, a bandeira do uso hijab foi levantada. A publicação traz mensagens de efeito como “o véu é belo” e  “meu caminho, minha escolha, minha verdade, meu direito”, e aos poucos ganha mais leitoras para seus ensaios com modelos, reportagens sobre turismo e entrevistas com personagens representativas do cotidiano nacional. O projeto editorial ainda reserva espaço para artigos de interpretação dos dogmas muçulmanos.
Desde a fundação da república por Mustafá Kemal Ataturk, a Turquia é um país laico onde o uso de véu chega a ser até mesmo proibido em determinados ambientes. Mas, em entrevista ao Diario ABC, a redatora chefe da Âlâ, Hulya Aslan, lembrou que o uso do véu em comunidades muçulmanas não apenas persiste, como também quer se moldar às novas possibilidades estéticas de uma sociedade “globalizada e de consumo”: “Existem muitas muçulmanas que não querem viver de preto ou marrom”.
A própria Hulya representa esse grupo de mulheres turcas que querem ter o direito de usar véus e, em outras palavras, seguir sua religião de forma livre e elegante. Com apenas 25 anos, abandou seu curso de graduação por se recusar a seguir a legislação turca e retirar seu véu dentro da universidade.
Ironicamente, a Turquia é governada pelo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, islâmico cuja esposa nunca apareceu em público sem o véu hijab sobre os cabelos. Membro do moderado Partido da Justiça e do Desenvolvimento, ele agora tenta reformar a legislação nacional para que a laicidade do país seja mantida sem que formas de expressão religiosa sejam condenadas e “vigiadas” por militares e juízes.

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